É Menina
Eu estava a caminho do meu ultrassom de 12 semanas pensando em qual seria o sexo do meu bebê. Eu estava na minha segunda gravidez – a primeira tinha sido um menino, e queria muito que a segunda fosse uma menina. Logo no início do exame a enfermeira afirmou que era uma menina. Levei um susto. Então perguntei quão certa ela estava e ela disse com 95% de certeza, é menina. As lágrimas então começaram a cair pelos cantos dos meus olhos enquanto ainda deitada na maca.
Amo ser Mulher
Eu sempre amei ser mulher. Ao longo dos anos escutei muitas amigas dizerem que gostariam de ser homens, ou que na próxima encarnação, gostariam de vir homens. Eu não. Gostaria de vir mulher novamente. Sim, acredito que nossa vida é mais difícil mas, desbravar caminhos e enfrentar desafios sempre foram combustíveis pra minha personalidade. Amo a energia e o poder do universo feminino. Só a capacidade de gerar um outro ser e ser capaz de alimentá-lo com o próprio leite faz com que todas as fêmeas sejam muito especiais aos meus olhos.
Uma Filha
A vontade de ter uma filha nasceu desse sentimento que tenho pelo feminino. Ter a oportunidade de presenciar o desabrochar de uma mulher sempre me fascinou. As mulheres são seres energeticamente especiais, temos uma sensibilidade única, um sexto sentido e um coração diferenciados. Minha filha logo cedo mostrou que tinha todas essas caractrísticas. Soube logo que ela seria uma mulher forte e independente.
Desafios
Mesmo no século XXI os desafios de ser mulher continuam existindo. Parece que toda a liberdade e igualdade pelas quais lutamos agora nos sobrecarregam. Se decidimos ficar em casa com os filhos somos julgadas por não ter uma carreira. Aquelas que optam pela carreira são consideradas mães relapsas. Nos julgam por sermos muito atiradas, por termos opiniões fortes demais, por falar o que pensamos, ou pelo contrário, por sermos submissas. Na maioria das vezes quem nos julgam são outras mulheres. São nossas mães, sogras, avós, irmãs, amigas e vizinhas que nos recriminam.
Nos Negócios
Ely Ribeiro, empreendedora e fundadora da DonaDelas – Rede Feminina de Negócios, em seu texto publicado no Blog da DonaDelas fala sabiamente dos desafios das mulheres empreendedoras em vencer a vaidade e a inveja. Desnecessário falar que o que precisamos é exatamente o contrário, é o apoio mútuo, a colaboração. Há espaço suficiente pra todas terem sucesso. Bacana mesmo é crescer juntas!
Mundo Masculino
Às vezes me perco pensando em como contribuir para mudar a realidade dessa sociedade essencialmente masculina. Gostaria que a minha filha tivesse uma experiência diferente. Acredito que a mudança começa em cada uma de nós. Meu filho e minha filha brincaram tanto de carrinho quanto de casinha. Não incentivamos julgamento nem preconceito nas conversas em família. Cuido constantemente pra não rotular um determinado comportamento como sendo masculino ou feminino pois crescí escutando que menina não pode sentar desse jeito, não pode comer assim, ou se comportar assado. Que homem não gosta de mulher que faz isso ou usa aquilo.
Responsabilidade
A responsabilidade dessa mudança é nossa. As crianças aprendem logo cedo a julgar conforme o julgamento dos pais. Eu sempre tive bastante cuidado em escolher as palavras pra me dirigir aos meus filhos e especialmente à minha filha. Acredito que a forma de impedir que o modelo geracional seja passado adiante é mudando o padrão, não repetindo o discurso e os erros cometidos conosco. Sim, nós mães temos uma resposabilidade enorme mas também muito poder. Temos o poder de mudar o mundo se conseguirmos ensinar o que é certo aos nossos filhos. Nosso círculo de influência é muito maior do que pensamos.
Minha Parte
A carga parece pesada demais mas, se cada um fizer a sua parte fica leve. Se cada mãe passar a mensagem adiante pras próprias filhas já é um grande passo. Pequenas ações quando pulverizadas causam grande impacto. O machismo pode ser erradicado quando não houverem mais mulheres machistas no mundo. Quando as mães tratarem filhos e filhas igualmente, com as mesmas expectativas e exigências, a igualdade de gênero será genuína. O nosso discurso enquanto mães é bagagem pra vida toda.
Cá Comigo Mesma
A mensagem abaixo é tanto pra mim quanto pra minha filha. Teria feito diferença se eu tivesse recebido essa mensagem quando dos meus 17 anos. Aprendi, no alto dos meus 50 anos, que tenho o meu valor e não preciso provar mais nada pra ninguém. Marisa Peer, reconhecida terapeuta expert em mudança comportamental, diz que antes de mudar um comportamento precisamos mudar o pensamento que vem antes. Como toda mudança começa de dentro pra fora, comecemos pelo discurso interno e em seguida façamos o mesmo com nossos filhos e, especialmente, filhas.
Minha Filha,
Em homenagem aos seus 17 anos desejo que a mensagem abaixo entre no seu coração e seja o seu discurso interno.
- Você foi muito desejada e é muito, muito amada.
- Você é uma pessoa linda, por dentro e por fora.
- Você tem um coração gigante. Continue sendo gentil e trate sempre a todos como você gostaria de ser tratada. Lembre-se de que o que se planta, colhe.
- Você é muito importante pra mim, é o meu sol, minha lua, meu céu.
- Eu te vejo e entendo suas dificuldades. Já tive 17 anos um dia.
- Vou estar sempre torcendo por você e aqui pro que você precisar.
- Tenho muito orgulho de você! Você é forte, inteligente, independente e capaz.
- Eu amo ser sua mãe e acompanhar o seu crescimento. Adoro fazer coisas com você e pra você.
- Você será bem sucedida em qualquer coisa que fizer com amor.
- Você tem muito valor, não deixe que ninguém te diga o contrário.
- Sua opinião é importante, nunca deixe de dizer o que pensa. As palavras tem muito poder – use sua voz com sabedoria.
- Faça o seu melhor sempre. O que importa é o progresso e não a perfeição. Faça 1% melhor hoje do que você fez ontem.
- Cuide-se! Coloque você mesma sempre em primeiro lugar. Cuide do seu corpo, da sua mente e do seu espírito.
- Procure se relacionar com pessoas com as quais você se sinta segura, valorizada e em harmonia.
- Aprenda a escutar o seu coração e suas intuições. Nunca faça nada contra a sua vontade ou princípios. Fale sobre os seus sentimentos.
- Acredite na força do pensamento. Pense positivo especialmente nas situações difíceis.
- Tenha humildade e saiba pedir desculpas. Se eu falhei com você me perdoe, eu estava tentando fazer o meu melhor.
Lembre-se: Bom é o que te faz bem!
Anna Karina.
Leia sobre a minha vivência como mãe em Maternidade.
Anna Resende
Coach de Saúde e Nutrição Integradas
Certificada pelo IIN - Institute for Integrative Nutrition.