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Veganismo

Ano passado comecei a estudar mais a fundo o vegetarianismo, o veganismo e seus impactos na nossa saúde e na do planeta.

Minhas Reflexões

Desde que me tornei espírita, há quase 30 anos, venho cultivando a idéia de me tornar vegetariana. A doutrina espírita interpreta o mandamento “Não Matarás” de uma forma mais ampla. Além de não matar o próximo considera  não matar nenhum ser vivo. No entanto, foi somente no ano passado que comecei a estudar a fundo o vegetarianismo, o veganismo e seus impactos na nossa saúde e na do planeta.

Superlife

Ler o livro Superlife de Darin Olien abriu uma perspectiva totalmente nova sobre o veganismo pra mim. A de que nosso corpo não precisa de proteína animal e que podemos sim, suprir a quantidade de proteína que necessitamos com plantas. Tudo que nasce da terra como cereais, leguminosas, verduras, legumes, seus frutos, castanhas e sementes têm uma quantidade significativa de proteína da melhor qualidade. Cada 100 gramas de amêndoas, por exemplo, contém 21g de proteína. Mais do que 100 gramas de ovos cozidos (12,5g) e quase a mesma quantidade que um bife de carne bovina com o mesmo peso (24-27g).

O quê são Proteínas?

Proteínas são substâncias extremamente complexas, que consistem em  combinações diferentes de aminoácidos. Elas estão presentes em todos os organismos vivos e em todos os tecidos do corpo humano. Pelo menos 10.000 proteínas diferentes fazem de você o que você é. Proteínas são essenciais para o crescimento e reparo dos órgãoes e tecidos, pois catalisam a grande maioria das reações químicas que ocorrem dentro das células. Fornecem também muitos dos elementos estruturais da célula, e as “costuram” umas às outras para a formação dos tecidos.

Sementes

As sementes são incríveis! Elas só precisam de água e calor pra germinar. Depois de germinar precisará dos nutrientes do solo e da luz solar para se  transformar em uma planta tão grande quanto um belíssimo Jequitibá! Aquele gérmen contém tudo que é necessário para gerar uma vida. Por isso as sementes são super nutritivas e, todas elas ricas em proteína.

As sementes de chia têm todos os 9 aminoácidos essenciais, uma grande variedade de minerais, além de ácidos graxos ômega3 e ômega6. Cada 100g de semente de abóbora, por exemplo, tem 18.5g de proteína, quase a mesma quantidade que em 100g de amêndoas. Claro que ninguém vai comer 100 gramas de semente de uma vez mas, de grão em grão a galinha enche o papo! 

Maiores Mamíferos

Será mesmo que só comendo plantas podemos ingerir a quantidade de proteína que precisamos? Pra responder essa pergunta é só pensar na dieta dos animais que consumimos.  A vaca fica grande e forte comendo pasto, essencialmente grama! Os maiores mamíferos do planeta são herbívoros! Mas e pra ficar forte e musculoso? Precisamos de proteína animal, você pode estar pensando. Não! O gorila, um dos mais fortes animais que existem, é herbívoro. Assim como o elefante, o veado, o búfalo, a girafa, o camelo, a ovelha, o rinoceronte, o urso panda e tantos outros.

Ponto de Vista Energético

Analisando pela perspectiva energética, o veganismo é ainda mais interessante. George Monbiot, um dos maiores e mais influentes ativistas ambientais do mundo, falou do tema de uma forma inovadora no Food Revolution Newtork Summit deste ano. Na cadeia alimentar, ele explica, a vaca é uma atravessadora. Pense nisso, o pasto fornece à vaca a energia necessária para que ela desempenhe todas as suas funções fisiológicas. O bezerro, depois de desmamado, come grama pra crecer suas células e formar os ossos, tecidos, orgãos internos e músculos. No entanto, comemos menos de 50% do animal, daí o desperdício energético. Seria muito mais simples e barato irmos direto à fonte. Não estou mandando ninguém pastar mas, plantar!

Ponto de Vista Ético

Analisar a questão pelo ponto de vista dos animais é ainda mais crítico. Minha avó, que criava as vaquinhas dela soltas no pasto, tinha carne de qualidade. Infelizmente a realidade da indústria da carne é bem outra. De acordo com AJ Albrecht, advogada e Diretora do Mercy for Animals USA and Canada, nas grandes fazendas produtoras de carne, os animais são mantidos em espaços tão restritos que mal conseguem se mexer. A maioria não vê sequer a luz do dia. Comem ração feita com milho ou soja geneticamente modificados e cultivados com pesticidas. As porcas são inseminadas artificialmente e mal podem amamentar seus filhotes.

Isso sem falar no frango, que é abatido com apenas 6 semanas de vida. Dão a ele tanto hormônio que o corpo cresce mais rápido do que os ossos se fortalecem. Alguns mal conseguem ficar de pé. Eles passam sua breve existência amontoados em gaiolas minúsculas empilhadas em galpões fétidos numa atmosfera tóxica em amônia, como explica Peter Singer – o filósofo vivo mais influente do planeta (como o descrevem os jornalistas do The New Yorker), em seu livro Animal Liberation.

Maus Tratos

Achei que seria difícil pra mim parar de comer carne mas, me surpreendi. Saber dessa realidade terrível de maus tratos de animais ajudou muito. Além disso entender que a qualidade da carne que  consumimos é diretamente proporcional à qualidade de vida desses animais, foi decisivo. A quantidade de stress à qual estão submetidos é suficiente para debilitar o sistema imunológico de qualquer ser vivo. A suceptíbilidade e a probabilidade de proliferação de doenças nos ambientes superlotados em que vivem levam os fazendeiros a usar antibióticos preventivamente. Somada à carga de hormônios e à má alimentação, os antibióticos completam o cenário para produção de uma carne da pior qualidade.

Meio Ambiente

Quem já passou perto de um abatedouro entende o quão crítica a questão ambiental é na indústria da carne. Esses estabelecimentos são um amontoado de gado pisoteando esterco. O escoamento da água da chuva carreia o cabertura do solo para o corpo d’água mais próximo, poluindo rios e matando peixes. O mau cheiro e as moscas se alastram por quilômetros. Para completar, o gado é responsável por cerca de um terço das emissões de metano causadas pelo homem. O metano é um gás de efeito estufa com potencial de aquecimento 28 vezes maior que o do dióxido de carbono (CO2).

Tradição & Cultura

Realmente é muito difícil romper um padrão cultural alimentar de milênios. Mas em pleno século XXI não podemos aceitar que a nossa comida seja produzida dessa forma. Somos muito mais inteligentes que isso! A questão não é comer ou não comer carne mas, sim a que preço. Se a carne está cada dia mais barata é sinal de que a qualidade está cada vez pior. Pior pro nosso organismo, pior pro animal, pior pro planeta.

Boas Escolhas

O quê pode ser feito para mudar essa realidade? Pra mim foi mais simples abrir mão da carne já que eu vinha ensaiando dar esse passo há anos. A imagem do frango na gaiola, sem força pra ficar em pé, sendo abatido em seis semanas sem sequer ver a luz do sol, foi suficiente pra que eu tomasse a minha decisão. Se a sua escolha é comer carne, prestigie pequenos produtores locais que tratam bem os animais. Saiba de onde vem a sua comida. Procure por fazendas que criam os animais soltos no pasto, com alimentação mais natural possível. Isso garante uma carne de boa qualidade. Como nós, esses animais precisam de qualidade de vida para estarem saudáveis – água, sol, boa comida, exercício e pouco stress. Animal saudável, carne boa.

Veja o Lado Bom

O preço da carne está pela hora da morte, então você pode economizar parando ou reduzindo o consumo desse alimento. Leguminosas como feijão, lentilha e grão de bico estão entre os alimentos mais baratos que existem e são excelentes fontes de proteína. Nosso bom e velho arroz com feijão é a combinação perfeita de todos os aminoácidos essenciais. Todos os vegetais também tem proteína. A couve é rica em proteína, assim como outras verduras verde-escuras. Toda proteína vegetal é de boa qualidade e de fácil digestão.

Quantidade

Existe um mito com relação à quantidade de proteína que precisamos ingerir diariamente. Não precisamos de muito. O leite materno, essencial para o crescimento e desenvolvimento do bebê contém 87%-88% de água, e 124- g/L de macronutrientes sólidos, incluindo 7% (60-70 g/L) de carbohidratos, 1% (8-10 g/L) de proteína, e 3.8% (35-40 g/L) de gordura. O leite materno, que é o alimento mais perfeito pro bebê, que faz com que ele dobre de peso em apenas 3 meses, tem 1% de proteína!

Os bebês precisam de 10g por dia de proteína, um homem adulto de 55g e as mulheres de 45g por dia, em média. Pra ser mais exata a recomendação é 0,75g de proteína por quilo de peso por dia. Se você faz bastante exercício ou é um atleta a recomendação sobe pra 1.0g/kg. Você pode querer mas, não precisa comer carne todos os dias, muito menos duas vezes por dia.

Sem Muita Conta

Sem precisar fazer muita conta você vai perceber que com uma dieta equilibrada, contendo uma variedade de frutas, verduras, legumes, leguminosas, castanhas, sementes e cereais integrais, é possível garantir a ingestão da quantidade diária recomendada de proteína. Aliás eu nunca ouvi falar de alguém que estava com deficiência de proteína. Talvez crianças desnutridas no sertão nordestino ou no interior da África. No entanto é muito comum encontrar pessoas com deficiência de ferro, manganês, magnésio, potássio e diversas vitaminas. Se você mantiver seu foco nos micronutrientes (vitaminas e minerias) ao invés de nos macronutrientes (proteína, carbohidratos e gordura) você vai ficar mais bem nutrido do que imagina.

Escolhas

Eu gosto de falar sobre escolhas. As nossas escolhas são o reflexo do que somos e do que queremos nos tornar. São elas que vão construir ou desconstruir o futuro que queremos pra nós e para as gerações futuras. Eu sou defensora dos meios sustentáveis de se fazer tudo. Defendo o que é menos agressivo para todas as espécies, humanas ou não, e principalmente para o planeta.

Alimentação à base de plantas é a dieta mais simples e mais sustentável que existe. Escolher essa dieta não significa nunca mais comer carne. Significa aumentar a proporção de plantas na sua alimentação, deixando a carne como secundária, e não mais como prato principal. De acordo com Kathy McManus – Diretora do Departmento de Nutrição do Brigham Women’s Hospital e professora da Harvard Medical School in Boston, essa é dieta que vai nos permitir ter uma vida longa e saudável.

Lembre-se: Bom é o que te faz bem!

Anna Karina.

Leia mais sobre escolhas em Maternidade.

 

Anna Resende

Anna Resende

Coach de Saúde e Nutrição Integradas
Certificada pelo IIN - Institute for Integrative Nutrition.

Toda semana eu publico um jornalzinho gratuito chamado Dicas da Mamma,

no qual eu compartilho dicas de saúde e bem-estar, receitas e bons livros.

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